Rio de janeiro, 07 de março de 2011.

LUTO

“O mundo corre em busca de sucesso e a vida em tanta guerra se desfaz.

O homem sonha as glórias do progresso, mas anda velozmente para trás.

Só Deus concede a glória verdadeira, só n’Ele a vida tem real valor.

É Ele quem promete um mundo novo. Sem medo, sem tristeza e sem rancor.”

(Lineu Soares).

 

Infelizmente o nosso país vem enfrentando diariamente problemas que nos afligem.
Hoje, ao ligar a TV, deparei-me com uma situação que jamais esperava que acontecesse.
Um homem, sem Deus, invade uma escola de nível fundamental e por motivos gerados em sua própria cabeça, segundo suas próprias teorias, resolve atirar e matar dezenas de crianças, que estavam dentro de suas salas de aula... no intuito de aprender, formando seu caráter, em busca de um futuro melhor... e não tiveram ao menos a chance de se defender.
É triste. Choca a qualquer um.

Mas você não sabe o que é a dor de perder um ente querido na flor da idade.
Não dessa maneira.

“Deus, onde você esteve nesse momento?”
“O Senhor não viu?” “Porque não entreviu?”

Geralmente, mesmo que não comentemos com alguém a respeito destes questionamentos, eles vêm às nossas cabeças e trazem consigo a vontade de não mais crer em Deus.

Não pense que comigo foi diferente.
Não pense que não questionei a Deus.

Mas anexo aos questionamentos, me vieram outros.
Fiquei com vergonha de mim mesmo. Na verdade não tive outra reação a não ser chorar e pedir perdão a Deus por tamanha hipocrisia de minha parte.
Afinal, quantas vezes eu falei de Deus pra alguém esse ano?
Basta somente “falar” de Deus para que meu dever de cristão seja cumprido?

Quantas vezes eu, sozinho, já orei pelo meu bairro, pela minha escola, pela minha cidade... orar não significa fechar os olhos por 1 minuto e pedir para que Deus abençoe determinada coisa.

Digo orar... como eu oro quando estou passando por necessidades na minha casa, na minha família.
Assim como eu dobro os meus joelhos para orar por um parente meu que precisa de Deus... orar como eu orei um dia, pedido um emprego, pela minha faculdade, pela minha vida.
É preciso que falemos de Deus, com a mesma intensidade e vontade que temos de ficar no MSN, jogando conversa fora até altas horas da madrugada.

É preciso que sejamos atenciosos com as pessoas, assim como somos com os nossos aparelhos de celular, que olhamos a toda hora para saber se existe uma ligação perdida, uma mensagem de texto... ou até mesmo para saber como ele está. Só por ver.

Outro dia eu estava num ônibus, indo pro trabalho... Estava com 5 reais na carteira e não pretendia gastá-lo tão cedo.
Quando de repente entra uma vendedora ambulante no ônibus e começa a vender biscoitos de chocolate.
Sinceramente, eu não dei a mínima pra ela.
Afinal, não estava com fome... não queria gastar meu dinheiro e queria me concentrar fazendo nada.
Era obvio que aquela mulher necessitava de dinheiro, estava trabalhando por necessidade... afinal, quem faria tal serviço para se divertir?
Porém, ainda assim, eu não estava nem aí pra ela.

Mas quando ela veio ao meu encontro e eu olhei para o seu rosto... meu coração bateu acelerado.
Senti como se houvesse um maremoto dentro de mim... uma sensação que não consigo explicar...
Senti vontade de chorar... de doar todo o meu dinheiro àquela mulher.
De saber mais sobre a vida dela... ajudar... conversar.

Tudo isso, porque aquela mulher se parecia com a minha mãe.
Mais do que rapidamente, tirei o único dinheiro que tinha na carteira para comprar o que aquela mulher estava vendendo.
Eu não estava com fome... mas decidi comprar somente para ajudá-la.

A bíblia diz que devemos amar uns aos outros como a nós mesmos.
E naquele momento eu senti isso.
Aprendi com aquela situação, que só nos importamos realmente com as coisas que estão ligadas a nós mesmos.
As coisas que vemos na televisão podem até nos incomodar por um momento.
Mas logo passa... e continuamos a viver da mesma maneira.

Afinal, eu não sinto dor quando uma criança é espancada... quando tem as mãos cortadas sem ao menos saber para que elas servem.
Eu não sinto os socos na cara quando uma mulher é espancada pelo marido que chega bêbado em casa.
Eu não sei o que é esperar por alguém que não vai chegar, pois foi morto injustamente numa troca de tiros.
Eu não sinto a fome que mata uma criança a cada 5 segundos no mundo inteiro.

É fácil conviver com isso... até o momento em que as coisas acontecem comigo.

Eu não sei se posso fazer alguma coisa pelos familiares das crianças mortas naquele colégio em Realengo, a não ser orar por elas. Afinal, não posso dar vida a alguém.
Não posso desfazer o que já foi feito.

Mas eu posso evitar que outras coisas aconteçam, Posso tentar lutar por um mundo melhor.
Posso ouvir os seus problemas e até resolver alguns deles.
Posso tentar abrir seus olhos ao escrever este texto.

Posso falar do amor de Deus e de tudo o que Ele já fez por mim.

Mas só Deus pode mudar a história deste país.

Quero terminar esta mensagem escrevendo algo que talvez seja clichê para você.

Mas por mais antiga que seja ela, continua mantendo o mesmo valor e merece ser lida com toda a atenção e ser guardada para sempre em nossos corações.



“Jesus te ama”



Não desperdice isso e não pense que não há maneiras de você retribuir esse amor.
Transmita-o.

Raphael Oliveira.